domingo, novembro 09, 2008

A Defensora do Lar por Carla Carreira


Esta estória ocorreu há alguns anos, dentro da minha casa mesmo.

Eu devia ter em torno de 15 anos e minha irmã 12. Morávamos em uma rua com características bem residenciais. As casas eram bem próximas uma das outras, e a maioria geminada. Era daquelas ruas que os vizinhos tinham os telefones de todos os moradores e, quando ouviam um barulho estranho, era comum ligarem pra saber se estava tudo bem.

Eu tinha uma cachorrinha da raça Fox Paulistinha, alguns dizem que não é uma raça e, sim, uma "praguinha". Realmente ela era bem chata, tinha uns 40 cm de altura mas se achava a própria “defensora do lar”. Latia pra tudo: pipa, helicóptero, passarinhos, sombras na parede. Bom, quem tem cachorro sabe reconhecer se o latido é sério, ou se está latindo só para perturbar. Na maioria das vezes era só para perturbar.

Um dia, meus pais saíram à noite para ir a uma festa e minha irmã e eu ficamos em casa. Por volta das 23:00, escutamos um barulho no quintal e minha cachorra começou a latir. Desta vez o latido não era para perturbar. Escutamos mais um barulho, como se alguém tivesse tropeçado em um dos vasos do quintal, e minha cachorra correu para um canto, entre a parede e a porta da sala. A impressão nítida é que ela havia encurralado alguém ali.
Nossa sala tinha 2 portas, daquelas que tem a opção de abrir a porta toda ou só o vidro para o ar circular, uma que dava para o quintal, onde o “invasor” estava encurralado e a outra que dava para a garagem.

O fato é que, eu e minha irmã não sabíamos o que fazer. Nisso o vizinho do lado, que também estava sozinho e devia ter a nossa idade gritou perguntando se estava tudo bem. Nós só respondemos, “não sei, acho que tem alguém no meu quintal”. Pedimos para ele tentar ver se da casa dele ele conseguia ver algo, mas com o escândalo que minha cachorra estava fazendo até ele ficou com medo de abrir a janela para ver.

Eu pensei, “temos que chamar alguém”. Mas eu não queria abrir a porta que dava para a garagem, com medo de ter alguém ali também. Enfim, pedi para minha irmã ligar para a nossa vizinha da frente, a Adelina. Qual era a idéia, ela ver se tinha alguém na garagem ou na porta da sala, para que eu pudesse abri-la pra chamar alguém para ver o que estava acontecendo no quintal.

Minha irmã foi correndo para o telefone, mas ela ligou para a primeira Adelina que encontrou na agenda de minha mãe. Escutei-a falando que era a Sandra, a vizinha. A mulher não conseguiu identificar quem era Sandra... Aí ela explicou, “sou a filha da sua vizinha de frente. Tem alguém no meu quintal e eu preciso de ajuda. Estou com medo de abrir a porta...e...desligou”. Ela desligou porque se deu conta que tinha ligado para a pessoa errada, mas esqueceu de um detalhe, avisar que tinha ligado errado. Até hoje não sei se esta tal de Adelina foi acudir algum vizinho ou se chamou a polícia.

Enquanto ela estava no telefone, pedindo ajuda para a vizinha que não era a nossa, a campainha tocou. E o medo de ser algum ladrão só esperando eu abrir a porta. Hesitei em abrir a porta ou o vidro. Nisso alguém grita lá de baixo, “é a Adelina! Está tudo bem ai?”

Ufa, mesmo ligando pra Adelina errada a certa veio nos socorrer.

Eu abri o vidro da porta e vi que estava ela, a filha Suzy e o genro Carlos. Eu expliquei, “acho que tem alguém no meu quintal”. Ela responde na hora, “abre aqui que o Carlos vai dar uma olhada pra você”. Achei linda essa relação de sogra e genro.

Abri o portão e todos entraram. Eu realmente tinha que ter tirado uma foto, todo mundo olhando para a porta, sem reação. Nisso meu vizinho foi até a garagem dele e pulou o muro para minha casa... Agora era mais um olhando para a porta. E do outro lado da porta minha cachorra latindo muito.

Bom, o Carlos era o único adulto homem, sendo assim, todos passaram a olhar para porta e para ele, esperando uma reação.

Ele decidiu que não iria abrir a porta, mas o vidro, para que pelo menos conseguíssemos ver quem estava encurralado entre a parede e a porta.

Muito lentamente ele abriu o vidro... Primeiro bem pouquinho... Depois criou coragem e empurrou o vidro para que abrisse completamente... 5 segundos depois um gatinho dá um pulo e consegue ir para o muro do vizinho. Este era o nosso invasor.







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http://www.youtube.com/watch?v=6IDk4kB6O-Y