quarta-feira, novembro 05, 2008

O Sobrevivente – por Vinicius Souza Barbosa

Bem, eu tinha cerca de 22 anos de idade e estava parado com o carro em frente a casa da minha namorada, atual esposa. Era por volta das 23 horas e estávamos terminando uma conversa iniciada no caminho para a casa dela. Coisa de 2 minutos. Foi o suficiente para sermos assaltados.

Ela morava em uma casa de esquina e, conseqüentemente, sem visão da rua perpendicular a esta.

Foi então que surgiu o assaltante, já com a arma em punho, pedindo carteira e relógio.

Não me opus. Imediatamente retirei o relógio do pulso e entreguei a ele. Em seguida, entreguei também a carteira.

Não contente, o meliante me pediu para descer do carro.

Enquanto eu descia, minha namorada aproveitou a oportunidade e guardou em sua bolsa o meu celular que estava no console central do carro.

Ao descer do carro, falei para ela descer também.

Ele disse que não.

Naquele instante me passou diversas coisas pela cabeça e eu respondi que se ele queria o carro, poderia levá-lo, mas ela ficava. Então ela desceu também e se manteve do outro lado do carro.

Ele não reclamou. Tomou o meu lugar no assento do motorista e eu fiquei de pé ao seu lado. Fizemos esta troca de posições, mas desta vez, a porta do carro estava aberta.

Nesse instante, o assaltante passou a arma da mão direita para a mão esquerda, no intuito de dar a partida no carro. Mas o motor do carro não ligou, devido a um alarme instalado nele.

Naquela hora, vi a oportunidade de reagir, pois a arma estava na mão esquerda do assaltante e ele estava focado em tentar roubar o carro.

Na fração de segundos em que pude reagir, também me veio à mente pensamentos do tipo “é melhor não reagir” ou “não olhe para o bandido”, que sempre ouvimos.

Pois bem, não reagi. Ele tentou dar a partida mais uma vez e desistiu.

Eu ainda estava parado, de pé, ao seu lado e a porta do carro aberta. Foi quando o desumano voltou a arma para a mão direita, virou-a para a minha direção e atirou.

Foi um barulho ensurdecedor. Com o susto do estalo, caí na calçada. Vi o bandido dar o seu primeiro passo sobre mim e sair andando calmamente.

Após uns 5 segundos, o zumbido começou a diminuir e eu levantei.

Minha namorada perguntou se estava tudo bem e reclamou do bandido ter atirado (supostamente para cima, pois eu havia levantado).

Naquela hora, senti que algo estava escorrendo pelo meu rosto e ao passar a mão para verificar o que era, constatei... Era sangue! O tiro havia atingido minha cabeça e eu não senti.

Minha namorada começou a gritar desesperada.

Com aquele barulho todo, saíram o pai, a mãe e o irmão dela para ver o que estava acontecendo. Então logo todos ficaram desesperados, pois escorria muito sangue.

Percebi que de todos que estavam ali, eu era a pessoa menos abalada.

Diante disso, com receio de acontecer um acidente, resolvi eu mesmo ir até o hospital. Peguei uma toalha, enrolei na cabeça e fui para o hospital mais próximo. Minha namorada me acompanhou.

Chegando ao hospital, ela foi tratar da documentação na recepção enquanto eu fui para o atendimento de emergência.

Graças a Deus, o tiro foi de raspão e não chegou a perfurar o crânio. Isso me rendeu 21 pontos na cabeça.

Para finalizar, agradeço ao “cara lá de cima” por estar vivo e me arrependo de não ter reagido, pois fui julgado, sentenciado e executado pelo marginal. Ainda bem que não era a “minha hora”.

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