terça-feira, novembro 11, 2008

Show Mutcho Doido por Juliano Vilar

Desde pequeno tenho uma admiração enorme, um gosto muito grande pela cidade de São Paulo. Talvez porque a maioria da família more em São Paulo, Sampa para os mais descolados, e também pelo fato de passar as férias escolares sempre na capital.


Sempre tive um gosto musical diferente, um estilo pesado, muito rápido, visual para maioria das pessoas, claro que leigas, macabro também para se intitular como Death Black Thrash Metal, queria o que?


Pois bem, certo ano, numa férias inusitada, tudo arrumado, vamos para sampa.

Sempre temos alguém na família com quem nos identificamos mais, algum primo ou tio. E não é diferente comigo, meu primo “Zé” também gostava de curtir um bom Heavy Metal.


Não tínhamos nada de interessante para fazermos aquele final de semana, e como sabemos, mente vazia, casa do capeta. Dito e feito, meu primo, que conhecia sampa, muito mais que eu, claro, teve uma excelente idéia. Vamos para uma casa especializada para o público Heavy Metal.

Muito contrariado pelos meus pais e quase toda a família, o que iríamos fazer, mesmo assim fomos. Não tínhamos carro, portanto, fomos de busão, como todo bom banger, não poderia ser de outra forma.


Chegamos então até o esperado lugar, também, meu primo havia feito tanta propaganda do lugar que até fiquei ressabiado. Mas adentrando ao evento, vi que a coisa era muito melhor que eu imaginava e também do que ele falava. Curtimos muito o lugar, havia apresentação de algumas bandas que tentavam seu lugar ao sol no cenário heavy de sampa, desejando o tão esperado sucesso. Bandas muito boas, bom som, outras nem tanto.


Ficamos até a casa fechar, curtimos muito, conhecemos algumas bandas pessoalmente, e claro, que não podia faltar e nunca faltou a mulherada. Sempre aparecia uma loca afim.
Beleza vamos embora então, disse meu primo, já é tarde da noite. Dirigimos-nos para o ponto de ônibus e lá ficamos esperando a bumba.


Quando sem mais nem menos, um estrondo, “Bum”. Estávamos cansados e sonolentos, levamos um susto enorme. Até nos situarmos, outro “Bum”, ficamos mais assustados ainda, quando nos demos conta que havia um grupo de punks do outro lado da avenida, tacando pedras em nós. E conforme as pedras acertavam aquelas portas de ferro, o som parecia de tiros.

Só me lembro do meu primo gritando e me puxando pelo braço, “Corre, corre....”, e claro corremos muito, e os punks atrás de nós, tacando o que podiam.

Até que tivemos a brilhante idéia de entrarmos no primeiro buteco que víssemos pela frente, não deu outra, dobramos a esquina, e lá estavam eles, com alguns bebuns na porta, nem pedimos licença, fomos logo adentrando e pulando para dentro do balcão do bar.

O barrado ferveu no buteco, foi porrada para todos os lados, sobrou até para quem não tinha nada a ver. Claro que a coisa terminou, quando alguém gritou, “Polícia.....”, outra coisa engraçada, nuca vi punk correr tanto.

Ao final das contas, conseguimos chegar em casa, vivos, mas estrupiados. Fomos dormir, descançar um pouco, afinal das contas, estávamos literalmente mortos.

No almoço, quando sentamos a mesa, foi aquele espanto, “Meu Deus, o que foi que aconteceu com vocês?”, nossa, demos a desculpa mais esfarrapada do mundo, eu havia falado que tinha caído da cama, pois estava com a boca toda ferrada e meu primo havia falado que tinha batido a cabeça no trinco da janela, pois ele tava com uma puta brecha no coco.

E todos se mataram de tanto dar risadas dos dois “Heavy Metaleiros” de araque.

Foi muito divertido, uma baita de uma lição de vida.